terça-feira, 1 de novembro de 2011

Coluna Observatório Ateu, by Fernando Thomazi (Jornal O Serra-Negrense, Ano 1, nº 13, Outubro/2011)

OBSERVATÓRIO ATEU
 MACONHA: Proibir ou Legalizar?
  Nem Uma Coisa, Nem Outra...
"Regulamentar" É a Ordem do Dia!

 Fernando Thomazi
Capaz de gerar 25.000 produtos, (óleo, tecido, papel, combustível, cosméticos, medicamentos, etc) a maconha representa uma das plantas mais versáteis e ecologicamente corretas do mundo, uma vez que seu cultivo é rápido (110 dias!), limpo, barato e livre de agrotóxicos. Excelente alternativa ao petróleo e derrubada de florestas, seu uso pode aliviar o sofrimento de pacientes terminais, com quadro de depressão, ansiedade e falta de apetite. Um verdadeiro presente dos deuses que a nossa ignorância, preconceito e mau uso impedem que ela seja usada em benefício da humanidade! 80 anos de proibição e repressão no Brasil demonstram que tais medidas nunca foram capazes de evitar seu consumo para fins recreativos. Ao contrário, a maconha representa hoje a droga ilícita mais usada no mundo. Um consumo que apenas cresce e cuja repressão, longe de resolver, apenas agrava o problema ainda mais. Nenhum sistema prisional do mundo está livre de drogas. Portanto, se você era um simples usuário de maconha aqui fora, dentro de um presídio provavelmente se tornará dependente de drogas pesadas. E tudo isso é alimentado pela nossa legislação, hipocrisia, preconceito ou indiferença. Felizmente alguns países já se deram conta desse fracasso e se mobilizam para criar novas e mais eficientes estratégias de combate. Na Califórnia, EUA, já é possível aos pacientes plantar ou comprar sua própria maconha mediante receita médica. Com a legalização lá, se acontecer, estima-se que o Estado arrecade, por ano, 1 bilhão de dólares apenas com impostos sobre a venda da erva. O raciocínio é simples e lógico: se as pessoas já fumam maconha, sendo legal ou não, então, em vez de o usuário gerar lucro a traficantes, por que não migrar esse lucro para os cofres da saúde pública? Além disso, a regulamentação significa menos superlotação em presídios, redução de processos criminais e alívio para a ação policial. Eu particularmente não fumo maconha, nunca fumei e não pretendo fumar, nem mesmo cigarro, nunca usei nenhuma droga ilícita e bebo cerveja apenas eventualmente. Longe de ser uma apologia ao uso indiscriminado de drogas, este texto é um reconhecimento de que qualquer droga envolve riscos e efeitos colaterais, inclusive tabaco, álcool e café. Mas, uma vez que, de 35 a 69 anos de idade, 1/3 das mortes no mundo está relacionado ao cigarro e considerando-se que o álcool é mais nocivo ao organismo humano que a maconha, este texto concorda com médicos e especialistas de que é preciso uma revisão na legislação do país a fim de torná-la mais coerente e, sobretudo, eficaz ao combate às drogas. No documentário “Quebrando o Tabu”, disponível no site Terra, o ex-presidente FHC e o médico Drauzio Varella apresentam argumentos brilhantes em defesa de sua regulamentação. Argumentos que tive o cuidado de refletir, além de 1 dezena de outros documentários sobre o mesmo assunto. A informação, mais do que a repressão, ainda é a melhor arma de combate ao abuso de drogas! Informe-se! E faça deste um mundo melhor para você e o seu próximo!

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